As taxas de juros em Portugal e no mundo nunca tiveram tão altas. Ainda assim, vemos juros em depósitos a prazo que deixam muito a desejar na maior parte dos grandes bancos nacionais, e aqui é que surge o investimento peer-to-peer (P2P), também conhecido como crowdlending.
Uma alternativa, e da qual falamos hoje, são as plataformas de peer-to-peer, onde ganhos anuais podem ultrapassar os 10% em determinados casos.
Esta discrepância está associada ao maior risco associado a este tipo de investimentos, que as próprias plataformas classificam como elevado risco. Ainda que o risco seja sempre importante mencionar, estas plataformas estão cada vez mais seguras. Em 2024, plataformas como a Debitum, ViaInvest, ou a Mintos, têm o capital investido protegido até aos 20 000 €, segundo o site oficial do Banco da Letónia.
Antes de se comprometer com qualquer forma de investimento, é crucial considerar vários fatores, não se concentrando exclusivamente nos potenciais retornos. A recomendação é avaliar todos os aspetos, pois investir em opções mais arriscadas implica a possibilidade de perda de parte das economias.
No meu caso, acabo por seguir sempre a mesma lógica de investimento. Tudo o que invisto, são montantes que estou disposto a perder.
Mas o que são plataformas P2P? Ou plataformas Peer-To-Peer?
O investimentos peer-to-peer (p2p) representa uma variação do crowdfunding, no qual várias pessoas contribuem com pequenas quantias para financiar um projeto. Nesse modelo de investimento, conhecido como crowdlending, diversos investidores aportam pequenas quantidades com o objetivo de obter lucros por meio do recebimento de juros relacionados ao financiamento de projetos.
Esses investimentos são classificados como peer-to-peer porque envolvem empréstimos não efetuados por instituições bancárias, mas sim por investidores por meio da internet. As plataformas que viabilizam estes investimentos captam fundos dos investidores para financiar projetos e cuidam do processamento dos juros.
Ao que chamamos projetos, temos englobados créditos pessoais, créditos a empresas, ou ainda créditos para casas e edifícios. Como mencionado, a maioria destes projetos são de valores baixos (3 000€ / 5 000€ / 10 000€), no entanto, cada vez têm surgido mais plataformas que financiam projetos de imobiliário.
A primeira plataforma desse tipo surgiu no Reino Unido em 2005, chamada Zopa, que já não aceita novos registos. Já a maior plataforma existente na Europa é a Mintos, com um total investido pelos seus investidores de 550 milhões de euros em dezembro de 2023.
Como funcionam os investimentos peer-to-peer?
Do lado do investidor, a operação destes investimentos é relativamente simples. Basta que o investidor se registe numa destas plataformas, faça a verificação pessoal (via CC), deposite dinheiro nela e escolha os projetos nos quais pretende investir.
As plataformas procuram projetos para financiar, oferecendo juros fixos, que serão distribuídos posteriormente por todos os investidores com base na sua contribuição. Normalmente, os juros são pagos mensalmente, juntamente com parte do capital investido.
Em alguns casos, existem períodos de carência nos quais os projetos financiados apenas pagam juros aos investidores. Importa destacar que o investidor não investe diretamente nas plataformas de investimento. O que acontece é que financia projetos escolhidos pela plataforma para obter um retorno anunciado.
Os retornos nas principais plataformas registadas em Portugal podem chegar até aos 6%/7% ao ano, mas em plataformas estrangeiras podem atingir até 15% por ano.
Os juros recebidos estão sujeitos a uma taxa de tributação de 28%, com a retenção a ser efetuada na fonte. Estes impostos devem ser posteriormente declarados no preenchimento do IRS, com um documento que deve estar na plataforma onde se investe.
Quais as plataformas de P2P que existem? Quais estão disponíveis em Portugal?
Existem várias plataformas deste género existentes em Portugal, que a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) trata por crowdlending. Segundo o Doutor Finanças temos as seguintes reguladas.
É possível usar todas as plataformas abaixo em Portugal:
- Housers
- GoParity
- Raize
- Seedimo
- Querido Investi
- Clicinvest
Estas plataformas podem ainda ter várias características, como serem auditadas externamente, serem reguladas na Europa, terem a possibilidade de Asset-Backed Security (ABS), terem acesso a mercado secundário ou ainda terem acesso a Buyback Guarantee.
Assim, outras plataformas que importa destacar a nível europeu são:
- Indemo
- ViaInvest
- Debitum
- Mintos
- EstateGuru
- PeerBerry
Quais os tipos de segurança nestas plataformas?
Como mencionado acima, existem diversos tipos de segurança a ter em conta na adição destas plataformas de investimento ao nosso portefólio.
- Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) – Plataformas regulamentadas em Portugal para atividade de crowdfunding. Fora de Portugal, existem também plataformas como a ViaInvest, reguladas no seu país de origem, que neste caso é a Letónia.
- Asset-Backed Security (ABS) – É uma segurança que permite, que no caso de falha de pagamento de um conjunto específico de ativos, existem objetos que servem como colateral.
- Buyback Guarantee – Esta é uma segurança, que no caso do prazo de pagamento de juros falhar, a plataforma permite ao utilizador reaver o seu dinheiro na mesma, mas sem qualquer tipo de juro.
- Mercado Secundário – Este mercado permite aos utilizadores vender os seus investimentos a qualquer momento, em caso de necessidade do dinheiro antes do prazo expirar.
- Proteção de Capital até 20 000 €: No caso de plataformas Reguladas na União Europeia, estas têm o teu capital protegido até 20 000 €, num total de 90%. É sempre importante verificar se a plataforma em questão é regulada ou não.
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As plataformas P2P incluem fazem juros compostos?
É seguro investir através nestas plataformas?
Investir em crowdlending é considerado arriscado, uma vez que, em geral, implica a aposta em micro, pequenas e médias empresas que, em determinadas circunstâncias, podem não conseguir efetuar o reembolso total, resultando numa perda parcial ou total do investimento. As plataformas analisam internamente os projetos disponíveis, atribuindo taxas de juro com base no risco associado. Taxas mais elevadas indicam um maior risco, enquanto taxas mais baixas refletem um risco menor.
As próprias plataformas de crowdlending incentivam a diversificação, possibilitando, em alguns casos, investir automaticamente até 10% da carteira em projetos individuais.
Em termos históricos, a maioria dos empréstimos é reembolsada, sendo os incumprimentos que resultam na perda de capital um fenómeno relativamente raro. Dados da agência Moody’s referentes aos últimos 20 anos para este tipo de dívida revelam que, em anos sem grandes perturbações económicas, a percentagem de incumprimento situou-se entre 1,5% e 3%.
Em períodos de recessão, como nas crises de 2001 e 2008, ou mais recentemente durante a pandemia, o cenário foi mais desafiador, com taxas de incumprimento a atingirem os 12%. Segundo o canal de Youtube P2P, em dezembro de 2023, a plataforma EstateGuru (investimento em imobiliário) era a plataforma com piores resultados, com cerca de 50% do capital investido em recuperação. No entanto, esta parece ser mesmo uma exceção, estando a maioria das plataformas com taxas de incumprimento de pagamento abaixo dos 10%.
Riscos de investimentos em plataformas peer-to-peer
A CMVM, que em 2015 deu luz verde à Raize como a primeira plataforma de investimento peer-to-peer em Portugal, alerta para vários riscos que os investidores devem considerar antes de se deixarem seduzir pelas elevadas taxas anuais.
Estes riscos incluem a questão da liquidez, pois ao financiar um projeto, o investidor só recupera o dinheiro quando todos os pagamentos forem efetuados, sendo que uma carteira diversificada pode atrasar ainda mais a recuperação dos fundos. Algumas plataformas, como a Raize e a GoParity, têm mercados secundários para vender posições, mas esta venda está sujeita à existência de compradores, que pode ser afetada por aumentos de incumprimentos.
Além disso, existem riscos de fraude devido à dificuldade de diagnosticar corretamente os propósitos do projeto, riscos de perda total ou parcial dos montantes investidos e riscos operacionais inerentes ao funcionamento destas plataformas.
Não querendo com este texto assustar, vale sempre lembrar que existem cuidados importantes em ter na altura de decidir onde investir.
Limites de investimento
O regulador estabeleceu limites para investidores em plataformas desse tipo, com um máximo de 3.000 euros por projeto e 10.000 euros no total dos investimentos ao longo de 12 meses. Contudo, estes limites não se aplicam a empresas ou indivíduos com rendimento anual igual, ou superior a 70.000 euros.
Estes valores dizem respeito a plataformas que atuam em solo nacional, reguladas pela CMVM.
No caso de plataformas reguladas noutros países da Europa, os valores podem diferir. Por exemplo, a ViaInvest, contém puma compensação máxima a um investidor até 90% da sua perda líquida, até ao máximo de 20.000 euros. Neste caso, apenas está protegido o capital não investido.
Sem mencionar uma data, será realizado num artigo onde mencionarei as plataformas P2P onde invisto, e porquê. Qualquer género de artigo não serve como aconselhamento financeiro, sendo toda a informação meramente informativa. Aconselhamos sempre, que antes de um investimento, que cada um faça a sua própria análise.
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